TUMORES DA HIPÓFISE

Tratamento Cirúrgico

A partir da confirmação do diagnóstico radiológico do tumor hipofisário, da investigação da função hipofisária através de dosagens hormonais e das repercussões clínicas e neurológicas, adotar-se-á a conduta mais adequada para cada situação, de forma individualizada, levando-se em conta também condições de saúde prévia de cada paciente.

O tratamento a ser escolhido para os tumores de hipófise depende do tipo de tumor, se produtor de algum hormônio ou não, assim como das dimensões do tumor e da existência de déficits neurológicos decorrentes de eventual compressão tumoral.

Diante de tumores pequenos (microdenomas) produtores de prolactina, por exemplo, a conduta inicial é a de tratamento clínico com medicamento específico. Mesmo os macroadenomas produtores de prolactina podem ser tratados, inicialmente, com medicamentos.

Os demais tumores secretores de ACTH, GH ou TSH, assim como os adenomas não secretores com repercussão neurológica ou em franca expansão, têm na cirurgia seu tratamento de escolha.

A radioterapia representa alternativa útil no tratamento dos tumores de hipófise, principalmente naqueles em que a cirurgia não tenha sido curativa ou que haja impossibilidade de ressecção cirúrgica efetiva.

O tratamento cirúrgico dos tumores hipofisários abrange diversas possibilidades técnicas e que devem ser empregadas com base nas particularidades individuais de cada caso. Atualmente, a maior parte das cirurgias para o tratamento dos tumores hipofisários é realizada pelo nariz, por via endonasal, possibilitando o acesso à região da hipófise sem que haja a necessidade de abertura do crânio e manipulação do cérebro. Neste caso, é imperativo o envolvimento de médico neurocirurgião com experiência neste tipo de tratamento, visto que este acesso cirúrgico é completamente diferente dos acessos cranianos habitualmente empregados para o tratamento dos tumores cerebrais.

Os tumores de hipófise podem ser tratados por 2 rotas cirúrgicas principais:

• Pelo crânio, através das chamadas craniotomias,

• Pelo nariz, por via endonasal, através do chamado acesso transesfenoidal (por dentro do seio esfenoidal)

As craniotomias eram, inicialmente, a única forma de acesso aos tumores de hipófise. Posteriormente, há algumas décadas, foi aperfeiçoada a via endonasal com a inclusão do microscópio cirúrgico, tornando-se a principal opção de tratamento neurocirúrgico para as doenças da região da hipófise.

Mais recentemente, a introdução da técnica endoscópica a sua adaptação às exigências neurocirúrgicas para a cirurgia endonasal, com a promissora integração entre as especialidades médicas de neurocirurgia e otorrinolaringologia, possibilitou novo avanço no tratamento dos tumores hipofisários.

A técnica endoscópica permite, inicialmente, que sejam identificadas e corrigidas eventuais alterações anatômicas do nariz durante o acesso cirúrgico para o tumor de hipófise, como desvios de septo, perfurações septais, hipertrofias de cornetos e outras irregularidades anatômicas com implicação funcional

Esta imagem, de um exame de ressonância magnética com vista de perfil da região craniana, mostra a região da hipófise (em vermelho) e sua posição na base do crânio, na profundidade do seio esfenoidal. Observe que para se alcançar a hipófise por via endonasal não há a necessidade de manipulação do cérebro, tornando esta via cirúrgica a mais favorável para o tratamento dos tumores e lesões da hipófise.

A endoscopia possibilidade, sem dano estético ao nariz, ampla visão do campo cirúrgico, visto que a delicada óptica introduzida no nariz pode ter sua direção alterada amplamente, permitindo extensa visibilização de toda a região envolvida na cirurgia, possibilitando acesso a detalhes fundamentais do relevo anatômico regional para a execução segura da cirurgia.

Esta imagem representa a visão obtida da região da hipófise através do endoscópio inserido por via endonasal transesfenoidal durante acesso cirúrgico para ressecção de um tumor de hipófise. Pode-se observar ampla visão da região, com destaque para diversas alterações do relevo ósseo que ajudam a identificar e localizar estruturas de interesse. Além da identificação de toda a sela túrcica (em azul) que corresponde à caixa óssea onde está localizada a hipófise e, eventualmente, o tumor, também é possível observar a projeção das artérias carótidas (em vermelho) dentro dos seios cavernosos em cada um dos lados da sela túrcica, assim como do canal dos nervos ópticos (em amarelo), por onde trafegam os nervos ópticos em direção aos globos oculares. Os recessos óptico-carotídeos (estrelas brancas) são importantes pontos de referência para a identificação das carótidas e dos nervos ópticos.

Para efeito de comparação, caso a mesma cirurgia fosse realizada por técnica microscópica, ter-se-ia importante redução do campo de visão operatória (área delimitada em azul), visto que para o procedimento microscópico é instalado um espéculo por uma das narinas, através do qual passará a luz do microscópio necessária para a visualização do campo cirúrgico. Desta forma, durante a cirurgia endonasal realizada por técnica microscópica há restrição da visão lateral, superior e inferior devido à limitação do campo produzida pelo espéculo cirúrgico. Em pacientes com a narina pequena e em crianças haverá limitação adicional para a instalação e abertura do espéculo, com restrição ainda maior da campo cirúrgico.

A endoscopia trouxe grande avanço ao tratamento das lesões da região hipofisária, possibilitando a abordagem de tumores maiores e localizados em áreas inacessíveis até então pela técnica microscópica. Como resultado deste aperfeiçoamento técnico, houve sensível redução nas indicações de cirurgias com necessidade de abertura do crânio, as craniotomias.

Também há grande vantagem do emprego da técnica endoscópica no tratamento das fístulas liquóricas. Durante as cirurgias para tumores da região da hipófise pode haver a abertura intencional ou acidental da membrana que isola a hipófise do restante do cérebro, conhecida como dura-máter. Como resultado da abertura da dura-máter ocorrerá o extravasamento do líquido cefalorraquiano ou liquor, resultando na chamada fístula liquórica. Esta deve ser corrigida ainda durante a cirurgia, sendo as técnicas endoscópicas empregando retalhos da mucosa nasal as mais eficientes no tratamento destas fístulas.

IMPORTANTE!

Quem devo procurar se tiver um tumor de hipófise?

A abordagem dos tumores de hipófise deve ser realizada por equipe multidisciplinar, sendo recomendada a avaliação inicial por um endocrinologista com experiência em neuroendocrinologia para a investigação das possíveis repercussões hormonais direitas e indiretas produzidas pelo tumor. Caso seja considerada a possibilidade de tratamento cirúrgico, o neurocirurgião deverá ser consultado. Recomenda-se neurocirurgião com experiência na área, ou seja, no tratamento cirúrgico por via endonasal transesfenoidal. De maneira geral, pode-se verificar a experiência do neurocirurgião pelo histórico de cirurgias desta natureza por ele realizadas em sua carreira e no último ano, havendo evidências demonstrando que profissionais que realizam ao menos 25 cirurgias deste tipo por ano apresentam resultados cirúrgicos melhores e índices inferiores de complicações.

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