TUMORES DA HIPÓFISE
TUMORES NÃO FUNCIOnANTES ou NÃO SECRETORES
Os tumores não funcionantes ou não secretores representam cerca de 1/3 dos tumores de hipófise e seus sintomas são decorrentes do efeito compressivo do tumor sobre estruturas encefálicas, assim como por déficits hormonais que possam ocorrer em virtude do comprometimento da função do restante hipófise.
Considerando a grande proximidade entre a hipófise e os nervos ópticos e o quiasma óptico (área onde os nervos ópticos se juntam e se cruzam parcialmente), o crescimento do tumor pode levar a compressão destas estruturas, com comprometimento da visão.
A imagem da ressonância magnética ilustra um extenso macroadenoma de hipófise (em azul) com grande efeito compressivo sobre o quiasma óptico, levando à deformação e afilamento do mesmo (em amarelo). Também é possível observar o restante da hipófise (em vermelho) comprimida pelo tumor e deslocada. A ilustração ao lado mostra a relação do tumor com importantes estruturas presentes da região da hipófise.
A região do quiasma óptico é a mais frequentemente atingida pela compressão tumoral, resultando em borramento e estreitamento do campo visual, notadamente nas porções laterais, fenômeno conhecido como hemianopsia temporal ou bitemporal (quando acomete ambos os olhos).
O exame empregado para avaliar os defeitos de campo visual é a campimetria. A campimetria abaixo mostra os campos visuais de ambos os olhos no mesmo paciente do exame de ressonância acima. Neste exame pode-se observar os efeitos compressivos do tumor sobre o quiasma óptico, com o surgimento de déficit de campo visual na porção lateral do olho esquerdo (mancha escura). O mesmo fenômeno é observado no olho direito, com menor intensidade. Caso não seja realizada a remoção do tumor haverá intensificação do comprometimento visual das áreas laterais e progressão para o restante do campo visual, podendo resultar em perda completa da visão.
Além da manifestação visual exemplificada, também podem ser observadas outras alterações neurológicas, como cefaleia decorrente do aumento da pressão intracraniana provocada direita ou indiretamente pelo tumor, assim como sinais de invasão do seio cavernoso e de comprometimento dos nervos que por ele trafegam, resultando em queda (ptose) da pálpebra e desvio ocular com sensação de visão dupla (diplopia).
Também pode haver comprometimento do funcionamento da hipófise, com redução da produção de um ou mais hormônios, fenômeno conhecido como hipopituitarismo. Quando há o comprometimento de toda a função hipofisária tem-se o chamado pan-hipopituitarismo.
Os macroadenomas de hipófise podem, através da alteração da produção de hormônios hipofisários, comprometer a função da tireoide, produzindo sintomas como fadiga, sonolência, indisposição, intolerância ao frio, pele ressecada e ganho de peso. Também pode haver envolvimento de funções sexuais e reprodutivas, com distúrbios menstruais, diminuição da libido, impotência sexual, infertilidade, perda de massa óssea e muscular. Se houver redução da produção hipofisária do hormônio ACTH (hormônio adrencorticotrófico) haverá redução da produção do cortisol pelas glândulas adrenais, com o surgimento de sintomas como: perda do apetite (anorexia), náuseas, vômitos, perda de peso, cefaleia, astenia, hipotensão postural (queda da pressão arterial ao se levantar), palidez cutânea, diminuição dos pelos axilares e pubianos.
Raramente os macroadenomas de hipófise produzem deficiência do hormônio anti-diurético (ADH) e a consequente diabetes insipidus que é caracterizada por aumento excessivo do volume urinário e sede. Este fenômeno é mais comumente observado em outros tipos de tumores e doenças da região da hipófise, como nos craniofaringiomas, nas metástases de outros tumores para a hipófise e nas doenças inflamatórias e imunológicas da hipófise.
IMPORTANTE!
Os macroadenomas não secretores ou não funcionantes podem resultar no aumento do hormônio prolactina, geralmente em valores que não ultrapassam 100 a 150ng/ml. O mecanismo responsável por este aumento não se deve à produção de prolactina pelo tumor, como nos Prolactinomas, mas sim a mecanismo indireto e relacionado à compressão do tumor sobre a região da haste hipofisária, fenômeno conhecido como “desconexão hipotálamo-hipofisária”. Portanto, caso um indivíduo tenha um macroadenoma com elevação discreta da prolactina, deve-se ter cuidado e evitar o diagnóstico equivocado de um Prolactinoma. Tal erro diagnóstico pode resultar na indicação de tratamento inadequado, ou seja, de medicamento para reduzir a prolactina em um suposto Prolactinoma que em verdade se trata de um macroadenoma não funcionante. Neste caso, os níveis de prolactina reduzirão com o medicamento, dando a falsa impressão de eficácia do tratamento, mas o tumor continuará a crescer e terá seu verdadeiro diagnóstico retardado.
O tratamento dos macroadenomas de hipófise depende da dimensão do tumor, de seu efeito compressivo sobre estruturas neuronais próximas, principalmente o quiasma óptico, assim como do impacto sobre a função hipofisária. Estas características deverão ser sempre avaliadas no contexto individual de cada paciente, levando em conta fatores como idade e condições de saúde geral.
Caso haja indicação de tratamento neurocirúrgico, de maneira geral, será adotada a via endonasal transesfenoidal por técnica endoscópica ou microscópica, havendo vantagens da endoscopia, principalmente naqueles tumores com grande extensão. Em casos específicos, onde já tenha sido tentada a via endonasal endoscópica, ou diante de tumores com grande extensão lateral, ou, ainda, caso haja contraindicação para a cirurgia endonasal, deverá ser considerado o acesso pelo crânio, através da craniotomia.
O prognóstico dos tumores não secretores é, de maneira geral, favorável, visto serem tumores benignos com boa possibilidade de ressecção ampla do tumor por via endonasal. Tumores com invasão de áreas adjacentes à hipófise, como seios cavernosos e clivus, assim como aqueles com grande extensão superior podem não ser passíveis de ressecção total com uma única cirurgia, necessitando de reoperação ou de tratamento complementar com radioterapia.
A radioterapia costuma produzir resultado satisfatório no controle de crescimento de restos tumorais.
Rua Alvorada, 64 • 11ºandar • Conj. 114 • Vila Olímpia • São Paulo • Tel.: 11 3849.8390
Entre em contato conosco
Em breve retornaremos o contato.